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O Banco Central (BC) firmou um acordo de leniência que livrou o ex-presidente da instituição, Roberto Campos Neto, de acusações relacionadas à Operação Colossus — investigação da Polícia Federal e da Receita Federal que apurava um esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro envolvendo o mercado de câmbio e criptoativos.
Deflagrada em 2022, a operação identificou mais de 68 empresas de fachada e movimentações superiores a R$ 18 bilhões entre 2017 e 2021, com remessas para países como Estados Unidos, Hong Kong e Singapura. As investigações apontaram que instituições financeiras de grande porte, entre elas o Banco Santander, onde Campos Neto atuou na área de câmbio antes de assumir a presidência do BC, teriam operado transações suspeitas.
Resolução que alterou regras de fiscalização
Durante sua gestão no Banco Central, Campos Neto assinou, no último dia de 2022, a Resolução nº 277, que alterou o marco regulatório do câmbio. A norma transferiu para os clientes a responsabilidade pela declaração da finalidade das operações cambiais, reduzindo o papel das instituições financeiras na verificação dessas transações.
Segundo especialistas ouvidos pela coluna de Luís Nassif, publicada no Jornal GGN, a mudança abriu brechas significativas para que bancos deixassem de responder por eventuais irregularidades, o que teria contribuído para o enfraquecimento das investigações da Operação Colossus.
O acordo de leniência
O acordo firmado em 2 de junho de 2025 estabeleceu o pagamento de uma multa de aproximadamente R$ 300 mil por Campos Neto. Em troca, o ex-presidente do BC foi liberado de qualquer desdobramento civil ou criminal ligado ao caso. O procedimento, entretanto, teria ocorrido de forma discreta, sem nota oficial ampla nem divulgação na imprensa.
A ausência de transparência e a condução do processo dentro da própria autarquia que Campos Neto presidiu levantaram questionamentos sobre a imparcialidade da decisão. Críticos afirmam que o episódio demonstra fragilidade nos mecanismos de fiscalização e governança do Banco Central, especialmente diante do histórico de Campos Neto no setor financeiro privado.
Questionamentos sobre governança
A coluna de Nassif ressalta que, ao revisar a regulação cambial e ao fechar o acordo, o Banco Central teria protegido não apenas o ex-presidente, mas também bancos e executivos envolvidos nas transações investigadas. Para o jornalista, o caso evidencia a necessidade de maior controle externo sobre o órgão, a fim de evitar conflitos de interesse e garantir transparência em decisões que envolvem autoridades de alto escalão.
Fonte: Jornalggn
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